Constança Lucas
Tenho pesquisado a palavra como desenho e a palavra como imagem, a palavra como desestabilizadora dos sentidos comuns, assim como a palavra desenhada na reinvenção do mundo.
Tenho em mim a Poesia como encontro, ligação dos traços, dos sons, dos perfumes, encontro de palavras e imagens escolhidas pela necessidade de reconhecimento do sensível.
Ao longo da história da humanidade os poetas participam da vida, do cotidiano, são seres sensíveis e pensantes que reagem à realidade inóspita pelos caminhos do sonho.
Fernando pessoa dizia “sigo o curso dos meus sonhos, fazendo das imagens degraus para outras imagens...” (Livro do Desassossego)
O desenho é a forma mais envolvente de vida, ao desenharmos adquirimos maior conhecimento. Desenhar os poetas pelos quais sinto aproximação poética é uma maneira de os conhecer mais profundamente, criar encontros vários e inventivos. Cada olhar tem uma força própria, é um poema em si mesmo, desenho os olhares, os retratos dos poetas cujos poemas vivem em mim.
Expor os desenhos / retratos dos poetas faz-se urgente que seja no meio de livros, nas estantes perto dos poemas - no seu habitat – a palavra – o poema – o livro - a biblioteca - a livraria.
Em 2008 dezoito destes desenhos digitais dos poetas estiveram expostos na Livraria Alpharrabio em Santo André, e na Livraria Cultura do Conjunto Nacional na av Paulista.
De 13 de abril a 12 de junho de 2010 vinte seis desenhos digitais / retratos dos poetas: Ana Cristina Cesar, Antonio Gedeão, Antonio Ramos Rosa, Camilo Pessanha, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Eugénio de Andrade, Dalila Teles Veras, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Herberto Hélder, Irene Lisboa, João Guimarães Rosa, Jorge de Sena, Luiza Neto Jorge, Manoel de Barros, Mário de Sá-Carneiro, Mario Quintana, Matilde Rosa Araújo, Ruy Belo, Sophia de Mello Breyner, Torquato Neto e Zeca Afonso, estarão expostos na Livraria João Alexandre Barbosa - Cidade Universitária - USP
Muitos poetas e seus poemas talvez sejam pouco conhecidos dos leitores brasileiros, mas é na construção destas pontes que há a possibilidade de uma partilha poética pelo idioma que nos é comum, com as suas deliciosas diversidades, e pelo desenho que é universal.
Constança Lucas
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